terça-feira, 9 de dezembro de 2014

5ª Plenária Nacional da FNI

 5ª Plenária Nacional da FNI: Organizar-se para avançar e resistir às tentativas de retirada de direitos dos trabalhadores 

  Texto extraído do blog da FNI

 


Iniciou, neste sábado (6/12) em Florianópolis (SC), a 5ª Plenária Nacional da FNI (Frente Nacional dos Trabalhadores em Informática) e entidades parceiras. Participam integrantes das OLTs do Serpro e da Dataprev da Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Alagoas, Paraíba, Ceará e Rio de Janeiro, diretores do Sindpd/SC, do Sindppd/RS e do Sindpd/AL e a assessoria jurídica. Entre as entidades parceiras, estão colegas do SindSerproCE e da ANED (Associação Nacional dos Empregados da Dataprev).

O encontro começou por volta das 10h, com as boas vindas dadas pelos integrantes do Sindpd/SC, anfitrião da atividade neste ano. Realizar a plenária em Santa Catarina também é uma forma da FNI e parceiros darem sua solidariedade aos colegas catarinenses da Dataprev e do Serpro, que fizeram mobilizações inovadoras pela jornada de trabalho diária de 6h - e que nessa última empresa, devido aos fortes protestos, foram duramente penalizados pela direção do presidente Mazoni.

O primeiro ponto de debate foi a conjuntura política e econômica atual do país. A diretora do Sindppd/RS, Vera Guasso, fez uma breve retrospectiva sobre o ano de 2014, marcado pela Copa do Mundo FIFA, eleições nacionais e pelos anúncios de crises e demissões nos setores produtivos – especialmente o automobilístico. Ela também citou o prognóstico de alguns economistas de que os cortes em investimentos públicos e a ampliação de isenções e incentivos aos empresários e indústrias devem ser ampliados ainda mais pelo governo federal em 2015. Ao mesmo tempo, categorias de trabalhadores se movimentaram e se mobilizaram em defesa de seus direitos e por avanços, como os funcionários da EMBRAER (fabricante de aviões), que fizeram sua primeira greve depois de 10 anos após a privatização da empresa.



   Vera Guasso, do Sindppd/RS (esq.) e Ronaldo Gariglio, do Sindpd/SC (dir.)

Guasso abordou ainda a estreita relação de diversos sindicatos e de sindicalistas com o governo federal, bem como a articulação deles em torno de projetos que ameaçam retirar direitos já conquistados pelos trabalhadores. O principal perigo, articulado e defendido por diversas organizações sindicais (como a CUT, à qual a Fenadados é filiada) é o PPE (Programa de Proteção do Emprego), que com a desculpa de evitar o desemprego aumenta a flexibilização dos direitos trabalhistas e reduz impostos dos empresários. Ou seja, além de os governos quererem que os trabalhadores paguem pela dita crise, agora são as representações que se dizem estar ao lado dos trabalhadores que defendem isso.

No Serpro e na Dataprev, os colegas presentes na plenária lembraram das campanhas “Fica Mazoni” (presidente do Serpro) e “Fora Rodrigo” (presidente da Dataprev), encabeçada por sindicalistas da TI ligados a CUT/Fenadados e que têm participação e até mesmo cargos no governo federal – campanhas realizadas não pela necessidade dos trabalhadores, mas sim em consequência de disputas por cargos e privilégios nessas empresas da TI.


A luta pela jornada de 6h em Santa Catarina


À tarde, foi o espaço para avaliação da plenária sobre as campanhas salariais de 2014. Os colegas de Santa Catarina e do Sindpd/SC relataram a experiência da greve no formato de jornada única de 6 horas diárias. Trabalhadores do Serpro e da Dataprev praticaram, por duas semanas, essa jornada como forma de protesto e, também, para mostrar que essa reivindicação é possível de ser praticada e de ser atendida pelas direções das empresas.

No Serpro, a mobilização foi duramente reprimida pela direção da empresa, que ordenou que os diretores punissem os grevistas com descontos e, até mesmo, suspendessem os funcionários que participaram da atividade. Com a antecipação de tutela obtida pelo Sindpd/SC na Justiça do Trabalho, a qual determinou que o Serpro não efetuasse os descontos salariais, a direção da empresa deu advertências severas e suspensões aos grevistas.

Atualmente, o caso está em litígio na Justiça do Trabalho e também está sendo investigado pelo MPT (Ministério Público do Trabalho). A Fenadados, que se intitula a representação nacional dos sindicatos e dos trabalhadores da TI, não fez nenhuma defesa dos colegas de SC. Seria uma retaliação pelo fato de o Sindpd/SC não ser mais filiado à federação? Mais uma incoerência por parte da entidade que diz que defende os trabalhadores. Afinal, a jornada de 6h é uma reivindicação de toda a nossa categoria.

A luta dos trabalhadores pela jornada de trabalho reduzida continua e precisa ser ampliada. Não é a repressão das empresas e do governo federal que irá parar a mobilização da categoria.


No PR, OLT retoma mobilização dos trabalhadores

A OLT do Serpro no Paraná  enviou dois representantes à plenária da FNI e das entidades parceiras. Os colegas contaram que assumiram a OLT já durante a campanha salarial e com os trabalhadores da regional bastante desacreditados nas mobilizações. Mesmo assim, conseguiram reaproximar diversos colegas e reforçar as assembleias, que estavam bastante esvaziadas.

Os representantes da OLT/PR também trouxeram à plenária a decisão do grupo: de que reconhece a FNI como um espaço de debate e de organização dos trabalhadores.

Assessores jurídicos
Colegas da OLT Serpro/RJ
Colegas do RS e do PR

Em 2014, sindicatos filiados à Fenadados fizeram mobilização

Esse foi outro ponto positivo da campanha salarial deste ano. Os trabalhadores do Serpro e da Dataprev de Pernambuco, apoiados pelo sindicato, mobilizaram-se durante a campanha salarial – o que já vem acontecendo desde o ano passado.

Colegas do Serpro do Pará e da Dataprev do Rio de Janeiro e da Paraíba, cujos sindicatos são alinhados à federação, também fizeram mobilizações. No caso específico do RJ, para conseguir se mobilizar os trabalhadores tiveram que assumir funções que cabiam ao sindicato.  A participação da ANED foi fundamental para a articulação e a organização da categoria da Dataprev.

Mais uma vez, vemos que nada impede os trabalhadores, quando eles estão dispostos a se mobilizar. Não há amarras que os segurem!

A FNI e as entidades parceiras estarão com todos os que queiram lutar em defesa dos direitos e para os avanços dos trabalhadores em 2015. Venham junto também, colegas!

No domingo, a plenária da FNI e das entidades parceiras irá organizar as pautas de reivindicações e os eixos principais, bem como o calendário de atividades da campanha salarial 2015 que serão levados indicativamente para as assembleias nos estados.

FNI e entidades parceiras

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