Civilidade. Segundo o
dicionário online Michaelis, o termo significa "um conjunto de
formalidades observadas pelos cidadãos entre si quando bem educados;
boas maneiras". Também pode simbolizar "atenção,
cortesia, etiqueta, polidez" ou ainda "delicadeza".
"Salvador precisa
de um choque de civilidade", decreta o sociólogo e professor da
Ufba Geraldo Ramos Soares, que atualmente coordena na universidade os
projetos de extensão "Educando Educadores" e "Sociologia
da Solidariedade ".
Para Geraldo, o
exercício da civilidade é o resultante entre as relações entre as
pessoas e também como o poder público organiza o interesse da
sociedade. "Veja o transito de Salvador. É horrível. As
pessoas buzinam sem necessidade. É uma ausência de limite. O melhor
indicador de civilidade de uma cidade é ver como as pessoas se
comportam no trânsito. Mas vale também para o pedestre".
O professor deixa claro
que existe, nos tempos atuais, "uma crise geral da sociedade"
no mundo, mas que, mesmo dentro deste contexto, a questão acaba
afetando os habitantes de Salvador de uma forma particular, devido a
causas como a desigualdade social e a falência da escola pública,
entre outras.
"Ninguém dá
aquilo que não tem. Você não pode respeitar o outro se você não
se respeita. É preciso aprender a se cuidar para, então, cuidar da
cidade. Tudo isso começa no indivíduo, em assumir a
responsabilidade de deixar o seu quarto arrumado, não deixar lixo na
praia. Não que eu esteja menosprezando as ações coletivas. Elas
podem e devem acontecer simultaneamente".
Segundo o sociólogo, o
fato de Salvador ter sido malcuidada nas últimas administrações
acaba deixando a população da cidade sem autoestima, agravando a
situação. "Se o governo não dá o exemplo, acaba entrando a
lógica que se ninguém cuida, não sou eu que vou cuidar. Precisamos
transformar esse ciclo vicioso em um ciclo virtuoso. O estado e a
prefeitura precisam quebrar essa lógica autodestrutiva. Se eu fosse
o novo prefeito, minha primeira medida seria promover esse choque de
civilidade, fazer entender que a população também tem que ter
essa responsabilidade".
Para Geraldo, uma das
medidas poderia ser, em um primeiro momento, endurecer algumas normas
de convivência coletiva, além de incentivar ações exemplares.
"Por exemplo: ser
mais rigoroso com quem não respeita a faixa de pedestre e a faixa de
ônibus, fazer cumprir normas básicas que não são cumpridas.
Estabelecer melhor quais são os limites e as funções de cada um.
As coisas estão bagunçadas, precisamos entender que compartilhamos
um passado que é um patrimônio comum, respeitar nossos ídolos. Mas
pregações não bastam. O que importa é o que cada um de nós faz,
cuidar de si e de onde você circula. Nisso, a nova prefeitura pode
desenvolver campanhas com os bons exemplos. Essas coisas contaminam".
Fonte: ATarde online.
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